quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Individual

Individual
Individualismo


O tema do filme é individualismo.
O clima do set era individualista... e continua fora dele...
Se não para todos, ao menos para muitos.
Cada um no set queria que seu trabalho fosse o melhor, cada um ali estava dando o melhor de si. As cobranças eram para que tudo desse certo. O que aconteceu foi que essas cobranças e esse "melhor de si" estavam prejudicando o trabalho dos outros e como cada um queria fazer tudo perfeito, acabou que deu errado. Como já foi dito, as imagens impressas na película terão o que cada um pode dar si. O melhor de cada departamento estará lá.
Individual foi minha experiência particular de fotografar pela primeira vez e logo de cara em película. Sei que errei muito, pelo medo que tive de errar. Errei em ter medo da película, pois não fiz um teste de luz antes para ver como ela se comportava.
Não me arrependo. Aprendi.
Acho que na próxima vez será diferente. Espero que seja melhor. Tive muitos desafios nessas filmagens, incluindo falta de espaço para colocar refletores, falta de tempo, ângulos muito abertos, externas com muitas nuvens, chuva, o tempo que corre nos deixa na mão, tempo de espera, indecisões, respostas mal dadas, falta de cosideração, pressão, cobrança, e muitas outras...
Tenho que agradecer a minha equipe que foi pra mim um presente. Sei que todos os erros referentes à fotografia são meus e não me eximo disso. Quero que saibam o quão agradecida eu sou a vocês, como eu digo, "meninos da minha vida". Espero trabalhar com todos novamente, do fundo do coração.
Credito que COLETIVO, foi o aprendizado que todos nos tivemos nesses dias. Acredito que o crescimento espiritual tenha sido o mais relevante, pelo menos espero que todos tenham crescido espiritualmente, apesar de já ter tido provas de que não. Na verdade, o grupo em si, só existiu no início da pré-produção e agora só existe no papel. Gostaria que tivesse sido diferente, que tivessemos tido união.
Agora é olhar pra frente e continuar suportando as pancadas da vida.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A experiência

Há duas semanas passadas filmamos A Primavera de Clarisse. Por parte da direção tivemos duas semanas de uma tentativa sem sucesso, de descanso do filme. Pensamos em descanso, pelo excesso que foi todo o processo, que passou a bloquear as idéias, as soluções. E pensando que partiremos para outro processo de mutação com o filme (a edição), queríamos ter mentes frescas. A falta de sucesso, é devido a nossa ansiedade de assistir o material. Entre outras coisas, deveras particulares. Portanto aquilo que não se pode esquecer não se esquece, talvez se escreve, como vou tentar fazer, omitindo muitas coisas, ou somente permanece na memória.

Pensando a experiência como uma tentativa, fomos realmente vitoriosos. Não somente nossa equipe, mas todos que por alguma vontade em comum resolveram se juntar a um grupo de TCC e realizar um curta-metragem. Vejo dessa forma porque realmente tentamos ser uma equipe, tentamos agir coletivamente, tentamos respeitar o outro, tentamos partir do conceito de arte coletiva. Mas apenas tentamos, não chegamos a conseguir. Pensando em experiência como prática da vida, acho muito relevante chegar ao mercado de trabalho carregado por essa memória, de conflitos, de expectativas mal sucedidas...Isso com certeza será um reflexo do que não queremos nunca mais repetir. Tudo isso que estou mencionando não será impresso nas imagens do filme, nem mesmo no making of, mas vale ser refletido. Ao desabafar nossos problemas para a nossa colega de sala Virginia ela mencionou “nunca mais faremos cinema tão apaixonados”. Achei bonito, mas muito curioso o que ela disse, por que me incomoda a palavra “apaixonados”. A paixão pelo cinema, a meu ver não se vem da prática de fazer cinema. Ninguém conseguiria se apaixonar pelo caos de um set de filmagem, conseguiria? Para mim a paixão pelo cinema vem através da recepção. Por isso que talvez muitos de nós (assim espero) poderemos apaixonar pelo curta A Primavera de Clarisse, e por algum instante pensar que tudo deu certo.

O que faz do “grupo da película” (como se referem a nós), um passo a frente da experiência dos outros grupos (isso a meu ver). É que conseguimos aplicar a pesquisa realizada na prática. Portanto se não conseguirmos mostrar aos “banqueiros” o individualismo do jovem contemporâneo no filme, contamos nossa experiência. Lembro-me, rebuscadas são as experiências de memória, cada instante que vivemos os conceitos de Dumont, Geertz e Sahlins no nosso projeto. Levantamos a bandeira desde o inicio argumentando na nossa justificativa que o tema dialogava com o grupo. E assim foi. Somos jovens individualistas do séc XXI. Prezamos a nossa liberdade, por isso foi tão difícil conviver com o outro, somos um grupo homogêneo em seu discurso, prezamos a especialidade capitalista, e no final de tudo saímos cheios de mágoas e rancores porque temos facilidade de romper com os laços afetivos.

“Assim como a cultura nos modelou como uma espécie única- e sem dúvida ainda nos está modelando- assim também ela nos modela como indivíduos separados. É isso o que temos realmente em comum. – nem um ser subcultural imutável, nem um consenso de cruzamento cultural estabelecido.” (GEERTZ, 1989)

PARABÊNS E OBRIGADA EQUIPE TCC 2009!

Lembrando que podemos continuar postando, ou abandonar este blog, e podemos fazer desta uma decisão coletiva. Eu, preferia continuar a postar, mas como não vivi a experiência sozinha, não gostaria de ser a única a escrever sobre ela.

Ana Carolina Soares

terça-feira, 27 de outubro de 2009

...

Queria escrever hoje. Tenho muito a dizer, mas não vou conseguir expressar neste momento tão tenso. Li coisas legais esta semana. Dentro do onibus, só dentro do ônibus consigo ler...

"A partir do momento em que sonho ao dormir, é-me impossível esquecer que existo, que um dia já não existirei"
Pierre Reverdy
Neste momento de caos no pensamento, Anjos Caídos e Se nada mais der certo, me abriram portas para a estética de A primavera de Clarisse. Talvez ela reflita sobre seu comportamento individualista, sobre a passagem dessa caótica prmavera em sua vida, sobre sua busca, seu espaço inexistente...
FALTAM 3 DIAS PARA AS FILMAGENS...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

EXT. PRAÇA. DIA











EXT. PRAÇA. NOITE







o filme que estamos fazendo e o filme que estão fazendo...

Há muito tempo não escrevemos, não é por falta de assunto, mas é por falta de tempo...Respiramos, comemos e dormimos "A Primavera de Clarisse". O processo está intenso, penoso, cheio de problemas. Temos reuniões urgentes e urgentíssimas a todo momento. E "o tempo não pára", faltam 07 dias para as filmagens. Ainda procuramos locação, ainda procuramos ator. Estamos em processo de ensaio com o elenco, de teste de câmera, de prova de figurino, de fotoboard, é tudo assim, junto e misturado. Estamos também em processo de rever o roteiro. Sabiamos desde o inicio que ia ser uma nova experiência, mas chegamos a um ponto que jamais imaginei viver. Estamos fazendo um cinema de produtor e não de autor. Isso me parecia uma realidade tão distante. Bom, mas vamos lá, talvez o filme que eu quero fazer não seja o exibido na tela. É um filme do sistema...e um sistema imaturo e cheio de falhas. Continuamos caminhando, talvez o prazer passe a ser obrigação, mas só espero que no filnal os problemas possam ser encarados e não remediados pelo extase do filme...

Hoje tenho a certeza que a magnitude de pensar e realizar o cinema, só é possivel lendo Bazin, ou assistindo a um filme de Antonioni no conforto do meu lar...

Ana Carolina Soares

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

SINOPSE

Clarisse, uma jovem de 22 anos, recebe do pai a noticia que sua mãe faleceu. Retorna dos EUA para o Brasil, reencontra com o pai Gilberto, 55 anos, e com a filha Júlia, 04 anos, que deixou com os avós quando saiu do país buscando sucesso profissional. Seu quarto está ocupado por Júlia, a menina é indiferente a sua presença. Elis, uma amiga de infância, não compartilha mais da mesma cumplicidade. Clarisse deslocada procura a memória das fitas VHS da família, procura as baladas de Belo Horizonte, e procura se integrar assumindo despreparada, responsabilidades. Insatisfeita com a perda de sua liberdade e independência, vai recriando a seu modo um novo álbum para aquela família desfragmentada.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A leve pressão de pensar a fotografia

Na empolgação de fazer um filme
___ E a luz? Como a gente vai fazer?
___ Ah, é simples... só jogar um sun gun pro teto e tá de boa!
...
Quando eu escuto isso eu penso: CALA A BOCA!
E quantas vezes eu escuto... ai meu Deus...
Nós estamos na pré do filme e a cada dia que passa a preocupação fica maior. As noites ficam mais curtas e mal dormidas, a pressão parece que a qualquer momento vai explodir. E o pior, a pressão é minha mesmo, de querer fazer um trabalho do qual eu possa ter orgulho. Todos os dias penso nos festivais que espero que o filme esteja (e que ganhe! ). Penso na minha carreira.
Os problemas!
Sabe quando as coisas estão calmas demais, que parece que está tudo indo bem? Isso não me engana! O famoso "silêncio que precede o esporro". Pois é, estou vivendo um desses problemas que surgem quando se pensa que está tudo maravilhoso.
A cada dia que passa é mais uma coisa pra pensar. Equipe, equipamento, luz, câmera... e até chegar o momento da "ação", haja calma.
O meu problema agora é a sensibilidade do filme. Eu quero 250D e 500T, mas a cúpula suprema não quer aprovar isso.
Meus caros... é um leão por dia!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

finalmente o roteiro ...

Agora serão poucas modificações, mínimas!

domingo, 4 de outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

... (pensamentos...)

Sinto que toda frase que inicio ou todo pensamento meu é precedido de reticências... e sucedido também. Minha mente se apresenta de forma inquieta e pula de um pensamento, ou cena, para outro completamente contrário ou ao menos diferente, e incompleto. Ela é não-linear, caótica, as vezes otimista e muitas vezes pessimista. Confusa, não me deixa formar palavras que expressem o que penso e sinto, ...ou talvez seja porque não sei bem como me sinto. E como consequência, é também permeada de inseguranças, mas também uma vontade imensa de conseguir realizar muito mais do que esperam de mim! Quero tanto que nosso projeto saia...e saia com grande estilo! Se faça uma obra reconhecida e vista. Admirada e comentada! É um curta em 16 pôxa! É O curta. Que fica! Aquele que vai para nossos currículos, é nossa carta de apresentação. Se as vezes pareço um pouco sem iniciativa, saibam que não se trata disso. (Apesar deu ser meio "pau mandado" também.) É resultado de uma parte de mim que preciso mudar e que me faz ter muita pouca fé em mim mesma. Preciso daquele empurrãozinho...ou talvez até de um "pedala robinho" para pegar no tranco. Preciso de incentivo. Ver todos trabalhando, ver um roteiro em nossas mãos, isso já é incentivo para mim. Me dá esperança e me faz visualizar uma obra demais! Me faz sonhar com festivais! Mas, ao mesmo tempo me sinto angustiada por pensar que posso não alcançar as expectativas que vocês têm. Preciso que vocês acreditem que sou capaz. Estou aqui desabafando, coisa que não consigo fazer muito bem pessoalmente, principalmente por não saber me expressar bem...E o faço com o intuito de dizer a vocês que quero e vou fazer o meu melhor. Não duvidem disso. Peço que tenham paciência (não em questão de esperar, mas com relação a se relacionarem comigo) e juntos faremos um ótimo filme. (Filme!!!)
Ah! Só para constar, comecei a estudar o Final Cut. :)

Adeus Setembro...Olá Outubro

Essa semana foi punk! Testes de elenco, pré-projetos, locações, decupagem, estudo das cenas, cronograma de ensaios... Fiquei pensando se toda essa pressão não foi por conta da virada do mês. Algo dos astros, sei lá rs. Nossa orientação voltou a ser uma sessão de terapia. Todos estressados com seus problemas de produção cobraram decisões da direção, e a direção sofrendo pressão devolveu com lamurias...Normal, as vezes temos que desabafar pra continuar caminhando. Pretendo me segurar mais nas próximas semanas. Temos que lembrar sempre que somos uma equipe, brigamos mas não ficamos guardando rancores. E lembrar mais ainda que o “sistema” já está fazendo força contra, e só unidos vamos conseguir resolver tantos problemas.

Os testes de elenco, foram prazerosos. As crianças muito fofas, mesmo quando emburradas não queriam fazer as cenas. Recorri a Dani (prod. de elenco), para preparar o teste infantil. Ela é meu porto seguro para questões de elenco. Achei que não saberia como conduzir, mas me surpreendi. Atrizes mirins! No teste adulto, tive a oportunidade de conhecer atrizes simpáticas e talentosas. Conduzi com mais segurança, percebi neste teste que já tenho a Clarisse e a Elis. Em cada gesto das atrizes pensava: Não a Clarisse não reagiria assim; ou então: Isso, a Elis é desse jeitinho! É fantástico ver seus personagens criando vidas.

“Nenhum intérprete consegue sair do próprio corpo e assumir outro.”
Lee Strasberg

Paralelo ao elenco, nesta semana eu e o Cacá recebemos os pré-projetos dos departamentos de criação: Dir; de arte, Dir; de fotografia e Som. Vejo o pré-projeto de muita importância no processo. Interpreto como a forma de ver se a equipe está visualizando o mesmo filme. São as primeiras imagens que saem das palavras do roteiro. Estamos caminhando para um mesmo filme, isso me deixou feliz. A penas alguns ajustes rs. Também trabalhamos bastante na decupagem. Pensar sozinho a movimentação de cada cena, já é bastante complicado e penoso, imagina em dupla. Discutimos bastante, desenhamos bastante, e esse processo levou três ou quatro tardes. Estava aflita por ver a decupagem completa, pra tentar visualizar sua funcionalidade. Mas o Cacá estava indo por outro caminho. Toda vez que nos encontrávamos ele falava: Sabe aquela cena, tava pensando nela, acho que não ficou legal daquele jeito. Vamos incluir mais planos? Eu entrava em pânico! Gosto do que fizemos, tem muito de Bazin (adoro). As opções de locações também nos foram apresentadas.

Muitas decisões estão por vir. E vamos deixar aqui cada passo. Essa semana também fiquei muito insegura. Veio aquela pergunta clássica: Será que esse é o filme que quero fazer? Na próxima semana voltamos ao roteiro, vamos fazer seu quarto tratamento.

Nem tudo são flores na primavera de Clarisse. Há sempre uma tempestade no final da tarde, mas o melhor da primavera é que depois da tempestade o sol se abre novamente.

Filme da semana: A menina santa. Dir: Lucrecia Martel.
Banda da semana: Cat Power
Leitura da semana: Cinema, Direção de atores. Carlos Gerbase.
Quero ver: Aquele Querido Mês de Agosto. Dir: Miguel Gomes

Ana Carolina Soares

Sobre "A Primavera de Clarisse":

"Acho bonito e singelo, e quanto menos explicações objetivas e ações óbvias melhor pode ficar"
Di Moretti (roteirista SP)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

vamos falar de poesia ...

Refletindo um pouco, após uma dedicada leitura em algumas poesias, percebi que existem alguns poetas escritores, e alguns poetas que são poesia pura. Assim como existem músicas, que são poesia pura. Existe poesia na vida. Existe poesia nas pessoas. E também poesia no cinema, a poesia colocada no cinema particularmente são as minhas prediletas.
Nesse filme “A Primavera de Clarisse”, sinto que a poesia como imagem poderá falar mais alto, e isso me deixa na expectativa. Por ser algo que não agrada a todos, mas que me agrada muito.
Aprendi a admirar esse tipo de linguagem cinematográfica, assistindo filmes europeus. Principalmente o espanhol (meu favorito). No inicio não é possível compreender o que eles querem passar, pode se tornar algo angustiante. Mas é preciso se deixar “tocar”. É isso que temos que fazer, para admirarmos esse tipo de cinema. Temos que notá-lo, senti-lo e assim nos apaixonarmos.
E é isso que sinto com a história de Clarisse, eu a conheço, eu a sinto. E dessa forma me encantei, mesmo antes de vê-la se transformar em imagem.




"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."
- Fernando Pessoa -

domingo, 27 de setembro de 2009

EU...Ana e o roteiro.

Eu estou exercendo as funções de roteiro, junto com o Cacá e a Mary, a direção junto com o Cacá e produção de elenco, junto com o Gabriel.
O processo desde o início, quando se iniciou o projeto teórico é de muitos questionamentos. Isso é uma característica minha, portanto também pode ser a forma que eu vejo e penso esse processo. Questionar é saudável, não é uma característica da juventude contemporânea, mas é adjetivo para a juventude. As escolhas no cinema precisam fazer um sentido mesmo que partam do experimento. E esse sentido que nunca será o mesmo do realizador para o espectador, é um grande guia para a finalização da obra.
Desde o início da escrita do roteiro passamos por várias fases, em que fomos desentrosados, entrosadas, improdutivos, produtivos e etc. Cheguei várias vezes a questionar bastante se três cabeças funcionariam melhor que uma para redigir um roteiro. E por várias vezes, cheguei a certeza que isso não daria certo! O que teria em comum para escrever em uma história, três pessoas que só compartilhavam três anos de faculdade? E assim foi a primeira etapa de escrita do roteiro, um verdadeiro desencontro, uma experiência de começar a conhecer o outro com quem compartilharei palavras, durante muitas tardes nesta faculdade. Não diria que foi improdutiva essa etapa. Muito pelo contrário, saímos certos de que tínhamos um conflito, que queríamos falar dele e que estávamos insatisfeitos com tudo que escrevemos sobre aquele conflito. Acho que essa certeza sobre o conflito foi motivadora para nossa defesa no projeto técnico. Nesta primeira etapa também surgiram bons debates. Um deles sobre as possibilidades e impossibilidades de contar uma história em um curta-metragem. Questão de narrativa e linguagem cinematográfica mesmo. Ficamos presos no momento. E ainda acho que é isso! Um curta-metragem é a possibilidade de contar um fragmento, uma passagem. Não sei se estou sendo objetiva, mas um exemplo disso que quero falar é o filme Décimo Segundo do Leonardo Lacca, PE. Isso é até uma boa discursão para esse blog. Quem quiser comentar o assunto seria bem vindo, pois ele é a meu ver, bastante pertinente e inacabado para nós, jovens realizadores. Dando continuidade ao processo de roteiro, conseguimos o direito de filmar a película. Ótimo! E agora como dizer aos demais membros da equipe, que já estavam presos as responsabilidades de seus departamentos que estávamos insatisfeitos? Que aquela não era a história que queríamos contar? Que era apenas um início. Não precisou muito esforço, estava estampado na cara de cada um dos roteiristas a insatisfação e a sensação de fracasso. Foi em uma “terapia de grupo” proposta pelo nosso orientador Sânzio Canfora, que conseguimos aliviados, um recomeço.
Durante o período de férias não desenvolvi muito sobre o roteiro, mas pensei bastante, fiz muitos rabiscos e, sobretudo recorri aos livros. Estava certa sobre um novo caminho para o conflito, mas isso implicaria mudar bastante, o que já tinha sido escrito. O melhor de tudo era que nós roteiristas concordávamos nas mudanças. Foi em um mês que muitas coisas mudaram neste processo. Produzimos bastante, entrosados e com a participação da equipe, que comentou as escolhas desde a escaleta desta segunda etapa. Agora no terceiro tratamento o roteiro agrada. Não a gregos e troianos, mas agrada. A satisfação está por ter sido um processo realmente coletivo. Que no início pensava ser impossível.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Muito prazer ...

Meu nome é Mariana Silveira, sou roteirista (junto com a Ana e o Cacá) e responsável pela Produção do projeto "A Primavera de Clarisse". Um curta metragem que terá como cenário a cidade de Belo Horizonte. Com uma equipe técnica formada por estudantes de cinema, profissionais belohorizontinos.
Usaremos esse blog para mostrar por pontos de vistas diferentes, visões, reflexões, idéias, entre outros, através de fotos, relatos, conflitos, alegrias e tristezas no dia-a-dia desse projeto, no desabrochar de "Clarisse". É uma espécie de Diário de Bordo, que resolvemos torná-lo público.
Espero que agrade à todos, ou não!
"Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira"
- Cecília Meireles -

Me apresentando...

Bem, sou Carlos Henrique Roscoe, co-roteirista com a Mariana e Ana, e co-diretor com a Ana. Esse já vai ser o terceiro filme que dirigimos juntos, os outros foram “.com”, curta bem curto, de 1 minuto e meio, um pouco sobre o impacto dos novos meios de comunicação na nossa sociedade jovem; e “Lacarmélio”, documentário sobre... Eu vejo muito esse documentário sobre a forma como Lacarmélio, um quadrinista aqui em BH, vê o impacto do seu trabalho (e conseqüente exposição na mídia) sobre a sua vida particular. São dois filmes que eu gosto muito, acho que pela pessoalidade extrema que eu e a Ana criamos pelos projetos (fizemos roteiro, direção, produção, fotografia, câmera, arte, som, edição... E acho que só... E contando com ajuda de pessoas muito amigas). Aliás, tenho pensado muito nas vantagens e desvantagens de uma equipe reduzida. Depende do projeto...

“A primavera de Clarisse” será rodado em película super 16, então será preciso uma equipe maior, nada exagerado, mas já são mais de 20... Todos alunos ou ex-alunos já formados do curso de cinema da Una... Isso é sensacional, está na nossa hora! Essa formação superior em BH trouxe pelo menos duas coisas que, ao meu ver, vão contribuir para o nosso cinema: A maior possibilidade de encontrar pessoas com as quais você se identifica, gerando grupos de discussão e realização; e a chance de experimentar, fazer filmes bestas e filmes louváveis, vídeo-arte e trash, se importar mais com os atos do que com as conseqüências destes atos.

Falando um pouco sobre esse novo projeto, “A Primavera de Clarisse”... Sempre gostei muito do nosso tema de pesquisa, acho que por fazer parte do grupo pesquisado, por me considerar individualista e por amar cinema brasileiro. Atualmente gosto muito do nosso roteiro. Já não gostei dele mesmo... O primeiro tratamento tava muito ruim, só não falava isso pra Mari e pra Ana porque achava que a gente precisava de um certo otimismo, e sorte. Agora estamos num momento em que eu realmente gosto do roteiro, de coração... Faltam uma coisa ou outra, mas normalmente falta. Eu e Ana estamos agora mais voltados pra buscar referências e inspirações, mais inspirações, para a direção. Tem impressionismo francês, Cassavetes, Lucrecia Martel, Pablo Trapero, Vermeer, muito de cinema contemporâneo brasileiro, Cão sem dono, Feliz Natal, Céu de Suely, Ioio filmes, e por aí vai... Acabei de rever dois filmes que para mim servem mais de inspiração: Solidão a dois (4:30) e Deserto Vermelho... Talvez ainda reveja Contra todos hoje...

Ainda temos muito pra pesquisar e conversar com a equipe. Esse projeto começou muito especial, a cada passo que nós damos, vai aumentando o meu carinho por ele. Quero me dedicar mais do que posso, acredito que estamos criando algo de muito valor, muito orgulho.

Esse texto já está muito grande. Me desculpem.

Vai aí um link de um curta bem bacana:
http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=8316

Da próxima vez que eu escrever algo aqui, quero escrever sobre Clarisse.

Abraços e bem-vindos ao nosso blog.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Quem somos?

Este blog tem como objetivo a troca de experiências do processo criativo do curta-metragem “A Primavera de Clarisse”, produto de finalização do curso de Cinema e Vídeo do Centro Universitário UNA em BH-MG, a ser captado em super 16mm e finalizado em 35mm.
O projeto teórico que originou o tema para o curta-metragem trata-se do Comportamento individualista do jovem contemporâneo e sua retratação no cinema nacional. Passada a etapa de desenvolvimento da pesquisa, partimos para o projeto técnico que consistia no roteiro, apresentação, sinopse, orçamento e etc. Como em um edital de fomento a cultura, competimos o direito de finalizar o curso produzindo um curta-metragem em película.
Agora é hora de muito trabalho, muita expectativa, ansiedade e problemas. Como não fazer um filme com problemas? E com eles as dores de cabeça, as soluções, e que no final de tudo, venha a glória. Brincadeiras à parte, este espaço é para a troca de tudo que acontece e que possa vir a acontecer neste processo. Não porque somos uma equipe jovem e inexperiente, mas porque queremos encontrar as histórias que iremos contar, e a maneira que iremos produzir cinema, fazendo deste espaço registro para esse momento de descobertas. Aprendendo junto e sempre!