terça-feira, 17 de novembro de 2009

A experiência

Há duas semanas passadas filmamos A Primavera de Clarisse. Por parte da direção tivemos duas semanas de uma tentativa sem sucesso, de descanso do filme. Pensamos em descanso, pelo excesso que foi todo o processo, que passou a bloquear as idéias, as soluções. E pensando que partiremos para outro processo de mutação com o filme (a edição), queríamos ter mentes frescas. A falta de sucesso, é devido a nossa ansiedade de assistir o material. Entre outras coisas, deveras particulares. Portanto aquilo que não se pode esquecer não se esquece, talvez se escreve, como vou tentar fazer, omitindo muitas coisas, ou somente permanece na memória.

Pensando a experiência como uma tentativa, fomos realmente vitoriosos. Não somente nossa equipe, mas todos que por alguma vontade em comum resolveram se juntar a um grupo de TCC e realizar um curta-metragem. Vejo dessa forma porque realmente tentamos ser uma equipe, tentamos agir coletivamente, tentamos respeitar o outro, tentamos partir do conceito de arte coletiva. Mas apenas tentamos, não chegamos a conseguir. Pensando em experiência como prática da vida, acho muito relevante chegar ao mercado de trabalho carregado por essa memória, de conflitos, de expectativas mal sucedidas...Isso com certeza será um reflexo do que não queremos nunca mais repetir. Tudo isso que estou mencionando não será impresso nas imagens do filme, nem mesmo no making of, mas vale ser refletido. Ao desabafar nossos problemas para a nossa colega de sala Virginia ela mencionou “nunca mais faremos cinema tão apaixonados”. Achei bonito, mas muito curioso o que ela disse, por que me incomoda a palavra “apaixonados”. A paixão pelo cinema, a meu ver não se vem da prática de fazer cinema. Ninguém conseguiria se apaixonar pelo caos de um set de filmagem, conseguiria? Para mim a paixão pelo cinema vem através da recepção. Por isso que talvez muitos de nós (assim espero) poderemos apaixonar pelo curta A Primavera de Clarisse, e por algum instante pensar que tudo deu certo.

O que faz do “grupo da película” (como se referem a nós), um passo a frente da experiência dos outros grupos (isso a meu ver). É que conseguimos aplicar a pesquisa realizada na prática. Portanto se não conseguirmos mostrar aos “banqueiros” o individualismo do jovem contemporâneo no filme, contamos nossa experiência. Lembro-me, rebuscadas são as experiências de memória, cada instante que vivemos os conceitos de Dumont, Geertz e Sahlins no nosso projeto. Levantamos a bandeira desde o inicio argumentando na nossa justificativa que o tema dialogava com o grupo. E assim foi. Somos jovens individualistas do séc XXI. Prezamos a nossa liberdade, por isso foi tão difícil conviver com o outro, somos um grupo homogêneo em seu discurso, prezamos a especialidade capitalista, e no final de tudo saímos cheios de mágoas e rancores porque temos facilidade de romper com os laços afetivos.

“Assim como a cultura nos modelou como uma espécie única- e sem dúvida ainda nos está modelando- assim também ela nos modela como indivíduos separados. É isso o que temos realmente em comum. – nem um ser subcultural imutável, nem um consenso de cruzamento cultural estabelecido.” (GEERTZ, 1989)

PARABÊNS E OBRIGADA EQUIPE TCC 2009!

Lembrando que podemos continuar postando, ou abandonar este blog, e podemos fazer desta uma decisão coletiva. Eu, preferia continuar a postar, mas como não vivi a experiência sozinha, não gostaria de ser a única a escrever sobre ela.

Ana Carolina Soares

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