quarta-feira, 30 de setembro de 2009

vamos falar de poesia ...

Refletindo um pouco, após uma dedicada leitura em algumas poesias, percebi que existem alguns poetas escritores, e alguns poetas que são poesia pura. Assim como existem músicas, que são poesia pura. Existe poesia na vida. Existe poesia nas pessoas. E também poesia no cinema, a poesia colocada no cinema particularmente são as minhas prediletas.
Nesse filme “A Primavera de Clarisse”, sinto que a poesia como imagem poderá falar mais alto, e isso me deixa na expectativa. Por ser algo que não agrada a todos, mas que me agrada muito.
Aprendi a admirar esse tipo de linguagem cinematográfica, assistindo filmes europeus. Principalmente o espanhol (meu favorito). No inicio não é possível compreender o que eles querem passar, pode se tornar algo angustiante. Mas é preciso se deixar “tocar”. É isso que temos que fazer, para admirarmos esse tipo de cinema. Temos que notá-lo, senti-lo e assim nos apaixonarmos.
E é isso que sinto com a história de Clarisse, eu a conheço, eu a sinto. E dessa forma me encantei, mesmo antes de vê-la se transformar em imagem.




"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."
- Fernando Pessoa -

domingo, 27 de setembro de 2009

EU...Ana e o roteiro.

Eu estou exercendo as funções de roteiro, junto com o Cacá e a Mary, a direção junto com o Cacá e produção de elenco, junto com o Gabriel.
O processo desde o início, quando se iniciou o projeto teórico é de muitos questionamentos. Isso é uma característica minha, portanto também pode ser a forma que eu vejo e penso esse processo. Questionar é saudável, não é uma característica da juventude contemporânea, mas é adjetivo para a juventude. As escolhas no cinema precisam fazer um sentido mesmo que partam do experimento. E esse sentido que nunca será o mesmo do realizador para o espectador, é um grande guia para a finalização da obra.
Desde o início da escrita do roteiro passamos por várias fases, em que fomos desentrosados, entrosadas, improdutivos, produtivos e etc. Cheguei várias vezes a questionar bastante se três cabeças funcionariam melhor que uma para redigir um roteiro. E por várias vezes, cheguei a certeza que isso não daria certo! O que teria em comum para escrever em uma história, três pessoas que só compartilhavam três anos de faculdade? E assim foi a primeira etapa de escrita do roteiro, um verdadeiro desencontro, uma experiência de começar a conhecer o outro com quem compartilharei palavras, durante muitas tardes nesta faculdade. Não diria que foi improdutiva essa etapa. Muito pelo contrário, saímos certos de que tínhamos um conflito, que queríamos falar dele e que estávamos insatisfeitos com tudo que escrevemos sobre aquele conflito. Acho que essa certeza sobre o conflito foi motivadora para nossa defesa no projeto técnico. Nesta primeira etapa também surgiram bons debates. Um deles sobre as possibilidades e impossibilidades de contar uma história em um curta-metragem. Questão de narrativa e linguagem cinematográfica mesmo. Ficamos presos no momento. E ainda acho que é isso! Um curta-metragem é a possibilidade de contar um fragmento, uma passagem. Não sei se estou sendo objetiva, mas um exemplo disso que quero falar é o filme Décimo Segundo do Leonardo Lacca, PE. Isso é até uma boa discursão para esse blog. Quem quiser comentar o assunto seria bem vindo, pois ele é a meu ver, bastante pertinente e inacabado para nós, jovens realizadores. Dando continuidade ao processo de roteiro, conseguimos o direito de filmar a película. Ótimo! E agora como dizer aos demais membros da equipe, que já estavam presos as responsabilidades de seus departamentos que estávamos insatisfeitos? Que aquela não era a história que queríamos contar? Que era apenas um início. Não precisou muito esforço, estava estampado na cara de cada um dos roteiristas a insatisfação e a sensação de fracasso. Foi em uma “terapia de grupo” proposta pelo nosso orientador Sânzio Canfora, que conseguimos aliviados, um recomeço.
Durante o período de férias não desenvolvi muito sobre o roteiro, mas pensei bastante, fiz muitos rabiscos e, sobretudo recorri aos livros. Estava certa sobre um novo caminho para o conflito, mas isso implicaria mudar bastante, o que já tinha sido escrito. O melhor de tudo era que nós roteiristas concordávamos nas mudanças. Foi em um mês que muitas coisas mudaram neste processo. Produzimos bastante, entrosados e com a participação da equipe, que comentou as escolhas desde a escaleta desta segunda etapa. Agora no terceiro tratamento o roteiro agrada. Não a gregos e troianos, mas agrada. A satisfação está por ter sido um processo realmente coletivo. Que no início pensava ser impossível.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Muito prazer ...

Meu nome é Mariana Silveira, sou roteirista (junto com a Ana e o Cacá) e responsável pela Produção do projeto "A Primavera de Clarisse". Um curta metragem que terá como cenário a cidade de Belo Horizonte. Com uma equipe técnica formada por estudantes de cinema, profissionais belohorizontinos.
Usaremos esse blog para mostrar por pontos de vistas diferentes, visões, reflexões, idéias, entre outros, através de fotos, relatos, conflitos, alegrias e tristezas no dia-a-dia desse projeto, no desabrochar de "Clarisse". É uma espécie de Diário de Bordo, que resolvemos torná-lo público.
Espero que agrade à todos, ou não!
"Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira"
- Cecília Meireles -

Me apresentando...

Bem, sou Carlos Henrique Roscoe, co-roteirista com a Mariana e Ana, e co-diretor com a Ana. Esse já vai ser o terceiro filme que dirigimos juntos, os outros foram “.com”, curta bem curto, de 1 minuto e meio, um pouco sobre o impacto dos novos meios de comunicação na nossa sociedade jovem; e “Lacarmélio”, documentário sobre... Eu vejo muito esse documentário sobre a forma como Lacarmélio, um quadrinista aqui em BH, vê o impacto do seu trabalho (e conseqüente exposição na mídia) sobre a sua vida particular. São dois filmes que eu gosto muito, acho que pela pessoalidade extrema que eu e a Ana criamos pelos projetos (fizemos roteiro, direção, produção, fotografia, câmera, arte, som, edição... E acho que só... E contando com ajuda de pessoas muito amigas). Aliás, tenho pensado muito nas vantagens e desvantagens de uma equipe reduzida. Depende do projeto...

“A primavera de Clarisse” será rodado em película super 16, então será preciso uma equipe maior, nada exagerado, mas já são mais de 20... Todos alunos ou ex-alunos já formados do curso de cinema da Una... Isso é sensacional, está na nossa hora! Essa formação superior em BH trouxe pelo menos duas coisas que, ao meu ver, vão contribuir para o nosso cinema: A maior possibilidade de encontrar pessoas com as quais você se identifica, gerando grupos de discussão e realização; e a chance de experimentar, fazer filmes bestas e filmes louváveis, vídeo-arte e trash, se importar mais com os atos do que com as conseqüências destes atos.

Falando um pouco sobre esse novo projeto, “A Primavera de Clarisse”... Sempre gostei muito do nosso tema de pesquisa, acho que por fazer parte do grupo pesquisado, por me considerar individualista e por amar cinema brasileiro. Atualmente gosto muito do nosso roteiro. Já não gostei dele mesmo... O primeiro tratamento tava muito ruim, só não falava isso pra Mari e pra Ana porque achava que a gente precisava de um certo otimismo, e sorte. Agora estamos num momento em que eu realmente gosto do roteiro, de coração... Faltam uma coisa ou outra, mas normalmente falta. Eu e Ana estamos agora mais voltados pra buscar referências e inspirações, mais inspirações, para a direção. Tem impressionismo francês, Cassavetes, Lucrecia Martel, Pablo Trapero, Vermeer, muito de cinema contemporâneo brasileiro, Cão sem dono, Feliz Natal, Céu de Suely, Ioio filmes, e por aí vai... Acabei de rever dois filmes que para mim servem mais de inspiração: Solidão a dois (4:30) e Deserto Vermelho... Talvez ainda reveja Contra todos hoje...

Ainda temos muito pra pesquisar e conversar com a equipe. Esse projeto começou muito especial, a cada passo que nós damos, vai aumentando o meu carinho por ele. Quero me dedicar mais do que posso, acredito que estamos criando algo de muito valor, muito orgulho.

Esse texto já está muito grande. Me desculpem.

Vai aí um link de um curta bem bacana:
http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=8316

Da próxima vez que eu escrever algo aqui, quero escrever sobre Clarisse.

Abraços e bem-vindos ao nosso blog.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Quem somos?

Este blog tem como objetivo a troca de experiências do processo criativo do curta-metragem “A Primavera de Clarisse”, produto de finalização do curso de Cinema e Vídeo do Centro Universitário UNA em BH-MG, a ser captado em super 16mm e finalizado em 35mm.
O projeto teórico que originou o tema para o curta-metragem trata-se do Comportamento individualista do jovem contemporâneo e sua retratação no cinema nacional. Passada a etapa de desenvolvimento da pesquisa, partimos para o projeto técnico que consistia no roteiro, apresentação, sinopse, orçamento e etc. Como em um edital de fomento a cultura, competimos o direito de finalizar o curso produzindo um curta-metragem em película.
Agora é hora de muito trabalho, muita expectativa, ansiedade e problemas. Como não fazer um filme com problemas? E com eles as dores de cabeça, as soluções, e que no final de tudo, venha a glória. Brincadeiras à parte, este espaço é para a troca de tudo que acontece e que possa vir a acontecer neste processo. Não porque somos uma equipe jovem e inexperiente, mas porque queremos encontrar as histórias que iremos contar, e a maneira que iremos produzir cinema, fazendo deste espaço registro para esse momento de descobertas. Aprendendo junto e sempre!